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História

O Vale de Santarém é sede de freguesia desde meados do século XIX e foi elevado à categoria de Vila em 21 de Junho de 1995.

É uma freguesia com um assinalável percurso histórico, referenciada desde a Idade Média, sendo de 1367 o primeiro documento que se conhece deste lugar e até 1758 denominou-se Vale do Soeiro Pisão, também conhecido por Vale do Soeiro Tição.

Encimando o portal da sua Igreja Matriz, de estilo manuelino, pode ler-se a data de 1595, que alguns consideram como a data da reconstrução do templo e que atesta a antiguidade da povoação, mas a origem do Vale de Santarém parece remontar, segundo alguns autores, ao período da presença muçulmana na Península, já que foi descoberto, abaixo do pavimento da capela-mor da Igreja Matriz, um significativo revestimento de azulejos árabes.

Pelas suas terras e gentes passou a devastação das invasões francesas na e da guerra civil entre absolutistas e liberais, a

Santarém era o fulcro da guerra civil, mas o domínio da fação miguelista não existia apenas nesta cidade. Com efeito, apesar de várias vitórias liberais, no Norte as províncias de Trás-os-Montes, Minho e Beira Alta estavam ainda em poder de D. Miguel, que contava além disso com um vasto número de milícias que lhe eram fiéis no sul do País.

Foi então que o General Saldanha, comandante das forças liberais, estabeleceu o plano de, sem deixar de manter o cerco a Santarém, atacar com uma parte das suas tropas as cidades de Leiria e Coimbra, o que teria por efeito isolar os miguelistas que resistiam na capital ribatejana. As tropas de Saldanha fizeram a sua junção, em Rio Maior, com as que ele mandara ir de Lisboa e, em 16 de Janeiro de 1834, foi lançado, por dois lados, o ataque a Leiria.

Vendo-se na iminência de ficar com a retirada cortada, os miguelistas abandonaram sem demora o Castelo de Leiria e tentaram refugiar-se em Coimbra. Seguidamente, nos primeiros dias de Fevereiro, o General Póvoas, comandante das tropas miguelistas, pôs em execução um plano para atacar os liberais que ocupavam Pernes e os que cercavam Santarém.

Prevendo a possibilidade de tal tentativa, o General Saldanha tomou as precauções necessárias, fazendo com que o plano miguelista fracassasse. O General Póvoas estabeleceu então novo projecto, que se baseava num ataque à Ponte d´Asseca - em poder dos liberais - a fim de abrir caminho para Lisboa, onde deveria eclodir uma revolução miguelista.

Dividindo-se em dois, no dia 18 de Fevereiro os miguelistas fizeram marchar as cerca de 4000 soldados do general Póvoas sobre Ponte d´Asseca, embora sem efetuarem um ataque em larga escala que lhes permitisse conquistar posições. O seu objectivo era fazer uma manobra de diversão, para que fosse o General Lemos, que enquanto isso avançava com cerca de 5000 homens em direcção a Almoster e Santa Maria, a romper as linhas dos liberais. Estes viam-se assim obrigados a estender a sua cortina defensiva, enfraquecendo-a. Contudo, os comandados do futuro Duque de Saldanha tinham a seu favor o facto de o terreno por si ocupado ser extremamente difícil de conquistar, pois formava um desfiladeiro estreito, entre colinas cobertas de mato denso.

Embora Saldanha viesse mais tarde a ficar com a fama de ter compreendido desde logo os intuitos do General Lemos, armando por isso uma cilada aos miguelistas ao alegadamente permitir de forma deliberada que estes subissem o desfiladeiro uma vez passada a ponte de Santa Maria. Tal teoria carece de qualquer fundamento tendo em conta os relatos da batalha feitos por Luz Soriano e de outras crónicas coevas, tais como a do Barão de Saint Pardoux (A Guerra Civil em Portugal 1833-1834). Segundo se depreende claramente da leitura de Luz Soriano (op. cit., tomo V, pp.219–23), os liberais limitaram-se a seguir os movimentos dos miguelistas, respondendo-lhes apressadamente quando estes decidiram avançar, tendo Saldanha, mesmo nessa altura, dado mostras de grande indecisão.

Tendo como um dos seus mais ilustres habitantes Luis Augusto Rebelo da Silva, magistrado e jurisconsulto notável, deputado às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa de 1821 e membro da Regência do Brasil de 1822, o Vale de Santarém vem a ganhar grande notoriedade através de Almeida Garrett, que passando grande temporada na Quinta do Desembargador, propriedade de Rebelo da Silva, ali se vem a inspirar e a escrever parte significativa das “Viagens na Minha Terra”, uma ruptura com a literatura portuguesa, uma vez que numa mesma obra escrevia um romance e um livro de viagens.

Garrett estava perto do destino que o havia retirado de Lisboa, o encontro com Passos Manuel, seu correligionário político, cuja casa se situava no Paço da Alcáçova, junto ao actual jardim das Portas do Sol.

É ainda no decorrer do século XIX que tem início, no Vale de Santarém, a instrução pública. Por incentivo de Luis Augusto Rebelo da Silva, foram criadas duas escolas para os sexos feminino e masculino, tendo sido seu primeiro professor Francisco Tomaz Roiz da Silva, pessoa ligada ao processo da “educação das massas”, notável humanista e grande educador.

“Vila ribatejana situada ainda no Bairro estende-se até aos limites da Lezíria desenvolve-se ao longo da actual EN3, que a atravessa longitudinalmente e que impediu a existência de um Centro ou Rossio. Antagonismos de ordem profissional (assalariados rurais versus operários) e cultural (trabalhadores oriundos da Beira Baixa e Litoral e famílias de trabalhadores rurais locais) vão determinar a heterogeneidade cultural típica da vila com dois núcleos populacionais dominantes: o Vale de Cima e o Vale de Baixo.”

O Vale de Santarém sofreu um grande incremento populacional no decorrer do século XIX. Este aumento deve-se sobretudo à instalação, em 1877, da Coudelaria Nacional do Sul, na Quinta da Fonte Boa. Em 1891 foi extinta a Coudelaria Nacional do Norte e incorporada na Quinta da Fonte Boa, passando a denominar-se Coudelaria Nacional.

Estes factos fizeram aumentar a capacidade de emprego de forma exponencial, mas também o grande desenvolvimento agrícola e pecuário que a própria CN veio a proporcionar a toda a região contribuiu para o aumento do emprego e da “chamada” de novos imigrantes.

No decurso do século XX a população teve de novo um significativo aumento, ao qual não será estranha a construção da Linha do Norte que conduziu à fixação de inúmeros ferroviários e da abertura da Estação Ferroviária do Vale de Santarém que permitiu a fixação de trabalhadores que operam na cintura industrial de Lisboa, bem como o reforço da imigração com origem nas Beiras e no Alentejo. Também a Estação Zootécnica Nacional, sucedânea e incorporando a Coudelaria Nacional teve um grande crescimento, chegando a empregar cerca de 700 trabalhadores.

Esta subida do número de colaboradores é também impulsionada por um importante trabalho realizado junto da lavoura pelo seu Diretor Dr. Joaquim Silva Portugal que se empenhou na cedência de reprodutores das raças bovina, suína, caprina, ovina e equina, que foram determinantes para a melhoria da qualidade do povoamento pecuário do país e mais tarde pelo grande incremento que a EZN teve no plano da investigação, superiormente dirigido por Apolinário Vaz Portugal.

As fábricas do Alto do Vale tiveram também um importante papel na criação de emprego e na fixação da população.

Uma parte significativa da população masculina encontrou emprego nas fábricas de automóveis da Azambuja, o que lhe garantiu uma frequência regular de acções de formação nas mais diversas áreas industriais, encontrando-se hoje em dia um lote significativo de pessoal altamente qualificado e disponível para abraçar outros projetos empresariais.

 

 

 

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Freguesia de Vale Santarém
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